Desisti.

Desisti. Não pela inveja dos outros, mas sim porque deixei de ter forças para te enfrentar a ti e a mim. É a única solução. Não conheço mais nenhuma. Sei que há tempo para tudo, e nós vivemo-lo bem, disso eu tenho a certeza. Eu continuo a achar que desistir é para fracos, mas como lutei por ti com tudo aquilo que tinha e não tinha, não me importo, estou de consciência mais do que tranquila. Assim como não me importo do facto de te ter deixado ir. Não sei se a culpa foi minha, ou tua, ou talvez de ambos, só sei que até hoje não tens demonstrado outra coisa de ti se não a cobardia. Mas não faz mal. Sabes porquê? Porque antes de tu ires, eu disse tudo o que havia para dizer, eu vivi tudo o que havia para viver, eu fiz tudo aquilo que havia para fazer, porque antes e depois de tu ires eu amei-te sem horas e sem minutos, eu fui tua. Guardei-te em mim, desde aquele primeiro sorriso naquela primeira noite, e mesmo depois de me teres magoado tanto como magoaste, depois de me teres transformado neste lixo humano, eu continuo a ter imenso orgulho em ti, porque pode vir quem vier, pode acontecer o que acontecer que tu irás sempre ser o verdadeiro amor da minha vida. Tu aprendeste muito comigo, sabes? E nem dás conta disso. Desistimos de tudo e eu sei que agora vais acabar por lutar por alguém diferente de mim e isso vai ser bom para ti. E sabes quem é que te ensinou a ser assim? Fui eu. E mesmo, quando falavas de mim aos outros com desprezo, eu estava sempre a pensar em ti e a fazer força para que no fundo, achasses que fui o melhor da tua vida, o melhor que te aconteceu e que nunca irias conseguir apagar e esquecer todas as coisas boas que te dei e que podia ter dado. E se voltava atrás no tempo? Não sei. Talvez sim, talvez não. Ou melhor, talvez só em algumas coisas. Talvez quisesse apenas recordar-te em alguns locais, ou em alguns momentos. Lembraste dos abraços, dos sorrisos e dos beijos no meio de uma rua qualquer, num segundo qualquer ? Para isto sim, voltava atrás com o maior sorriso de sempre. Mas como isto não volta, limito-me a recordar com saudade o que fomos, e o que não somos mais. Eu só queria saber o porquê de não me teres avisado que ias sair da minha vida? Eu juro que pensava que me amavas de verdade, pensava mesmo que era amor. Mas não. A tua pequena paixão não resistiu à saudade do passado, nem ao frio dos nossos dias, nem às palavras de inveja dos outros, nem a nada. E com tudo isto, desististe. E não perdoo o facto de me teres feito o que fizeste, e vou fugindo de ti, enquanto posso. E apesar de achar que quem merece um pedido de desculpas sou eu: desculpa, desculpa os amuos e as birras, o medo e a insegurança, as discussões estúpidas e as infantilidades, desculpa o facto de não ter sido capaz de mudar por ti, desculpa ter-me apaixonado desta maneira por ti, desculpa. Desculpa por qualquer coisa, ou até mesmo por nada. Desculpa !